Grupo Totem - Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo Schechner Performance e a Estética do RASA

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Schechner Performance e a Estética do RASA


Durante o mês de dezembro nos aprofundamos, ainda no livro Performance e Antropologia de Richard Schechner , no capitulo que aborda a “Estetica do Rasa” tradução de Denise Zenicola. Schechner comenta sobre a teatralidade que se localiza na boca ou Snout-to-belly-to-bowel:

“O snout-to-belly-to-bowel (da mandíbula para o estomago e do estomago para o intestino) é o ‘lugar’ de gustação, digestão e excreção. A performance do snout-to-belly-to-bowel é um processo muscular, celular e neurológico continuo e interligado de testar- provar, separar alimento de resíduos, distribuir alimentos pelo corpo e eliminar resíduos. O snout-to-belly-to-bowel é o local da intimidade, onde substancias são compartilhadas, onde se misturam o interior com o exterior”(SCHECHNER)

A palavra em sânscrito RASA, dentre seus últimos significados, quer dizer sabor, sentimento ou a sensação que o espectador experimenta ao apreciar uma obra de arte.
O conceito de rasa se delineia no Natyasastra (NS) de Bhrarata-muni (É atribuída ao mítico, fundamental para a cultura cênica indiana) e na Poética de Aristóteles (Texto que inaugura a reflexão ocidental sobre o teatro),ambos ocupam posições paralelas na teoria da performance. Porém, apesar da semelhança os dois textos diferem em, diz Schechner:

“Portanto, o NS e a Poética diferem em estilo, intenção e circunstância histórica. A poética, escrita cerca de um século após o apagou da tragédia grega, constituiu somente uma pequena parte da enorme produção literária de Aristóteles. A poética carece de descrições a cerca das verdadeiras performances; ela discorre principalmente sobre drama, não sobre teatro, concentrando se em uma peça, Édipo, a qual Aristóteles oferece como um modelo de redação de peças teatrais. Caracterizada como “Racional” e “Histórica”. A poética não é considerada sagrada, embora tenha sido, e ainda seja, consideravelmente influente.
Por outro lado, o NS é uma mistura abrangente e detalhada de conhecimentos míticos e realistas sobre performance.” (SCHECHNER)

O ator rásico abre espaço para a liminaridade.
“... Abhinaya significa, literalmente levar a performance até os espectadores – e o primeiro espectador é o próprio ator. Se o “eu” que esta observando se sentir tocado pela performance do “eu” que esta atuando, a performance será bem sucedida .”(SCHECHNER)

“O Ator torna-se um participante. Quando é tocado por sua própria performance, ele é afetado não como o personagem, mas como um participante. Assim como os outros participantes, ele pode apreciar a situação dramática, a crise, os sentimentos do personagem que ele está representando. Ele irá representar as emoções daquele personagem e, ao mesmo tempo, experimentar seus próprios sentimentos sobre aquelas emoções...”(SCHECHNER)

 “Para onde quer que as mãos se movam, os olhos a seguem. Para onde quer que os olhos vão, o pensamento os segue. Para onde o pensamento vai, segue atrás o sentimento, e onde o sentimento vai, encontramos Rasa”
Nandikeshwara


O estudo da estética rasa consolidou nossa intensão de aprofundar a ritualidade no nosso trabalho, enxergando a ligação entre os sopros do oriente e nossos povos indígenas, pois seus rituais também são cheios de sabores, de cheiros, de presença. Dando nos a certeza, mais uma vez, que não somos aristotélicos, nossa linguagem passa por outros caminhos, outras paisagens.




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