Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Grupo Totem

Grupo Totem Apresenta Pesquisa “Rito Ancestral Corpo Contemporâneo” Na Várzea

Demostração de Trabalho  da pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Totem 
Imerso na pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, desde de junho de 2015, o Grupo Totem realiza a primeira demonstração pública do projeto na próxima segunda-feira (30), às 16h30. A apresentação acontece na Escola Municipal de Arte João Pernambuco, bairro da Várzea, dentro da 16ª Mostra de Artes Cênicas À Porta Aberta. O projeto conta com incentivo do Funcultura.

Como um verdadeiro work in progress, a pesquisa resgata a ancestralidade e a importância do ritual para a contemporaneidade. Desde que surgiu na cena recifense, há 27 anos, o Totem busca quebrar as fronteiras entre as linguagens e passeia fluidamente pelo teatro, pela dança e pela performance, construindo uma poética híbrida. Nesse projeto, tem desenvolvido encontros com a alma, o corpo e a voz de povos indígenas pernambucanos.

Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Totem e Povo Pankararu
foto Fernando Figueiroa
Processo
Em agosto desse ano, o grupo visitou o Povo Pankararu, no município de Tacaratu. O primeiro ritual vivenciado com os indígenas foi o Menino do Rancho. Através dessa residência, foi possível perceber o corpo em ritual. Em um ato único encontram-se a dança, a performance, o teatro, o ritual, em gestos, postura, olhar e canto, uma poética ritual em total consonância com a tradição indígena.

Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo -
processo - foto Fernando Figueiroa
Com essa imersão, o grupo volta às raízes do teatro, que se conecta com o ritual, segundo o pensamento de Antonin Artaud. “Acreditamos na transformação do humano através da arte e do teatro. No Totem, há uma experiência sensitiva e subjetiva, trabalhamos muito com os simbolismos”, conta Taína Veríssimo.
Depois da visita ao Povo Pankararu, o grupo tem feito estudos de performance e antropologia, a partir de autores como Richard Schechner e Cassiano Sydow Quilici, e laboratórios vivenciais, nos quais cada membro buscou símbolos a partir das indumentárias pertencentes ao ritual destes índios. Cada um buscou o seu animal sagrado de poder e construiu a sua ‘cinta sagrada’, descobertos a partir de laboratórios ritualísticos, que contaram com técnicas de relaxamento, respiração, interação com os sentidos, experiências corporais com os elementos da natureza (água, terra, ar e água) e pintura corporal.
Tendo o teatro de Antonin Artaud, espécie de guia espiritual, e nesta pesquisa, a performer americana Meredith Monk, entre as principais referências, o Totem também tem realizado um potente trabalho de corpo e voz com o bailarino e performer Conrado Falbo.
Pesquisa - Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Processo 
foto Fernando Figueiroa
Projeto
A pesquisa”Rito Ancestral Corpo Contemporâneo”, com incentivo do Funcultura, segue até 2016. Para vivenciar novas experiências ritualísticas, o Grupo Totem deve visitar mais dois povos indígenas pernambucanos onde farão intercâmbios culturais, que perpassam por trocas rituais, performáticas e espirituais. Ao final, haverá uma apresentação fruto de toda a investigação corporal-expressiva-ritual.



Serviço
1ª Demonstração da pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo
Quando: segunda-feira (30/11), às 16h30
Onde: Escola Municipal de Arte João Pernambuco (R. Barão de Muribeca, 116 – Várzea, Recife – PE)
Entrada livre


O Tempo Está em Outro Lugar - Grupo Totem

Totem em performance

O Tempo Está em Outro Lugar 

Agenda: 
  • 30 de novembro na 16ª Mostra de Artes Cênicas A Porta Aberta - 2015.2 EMAJPE
  • 16 de dezembro na 1ª Mostra de Artes e Cultura do IFPE - Campus Recife



O Tempo Está em Outro Lugar foi concebida como uma performance-intervenção urbana, fez sua estreia na Estação de Metrô Cajueiro Seco como parte da programação da Aldeia Yapotan do SESC Piedade. Também já passou pelo evento MIMOdifique no Centro de Cultura Luiz Freire. A performance-intervenção O Tempo Está em Outro Lugar pretende instaurar um outro estado de tempo nos locais onde é apresentada, pois se instaura um ritual, um momento de suspensão do cotidiano, rompendo com a estrutura na qual estamos mergulhados. 

O Tempo Está em Outro Lugar - Tatiana Pedrosa - Foto Fernando Figueiroa
O Tempo Está em Outro Lugar - Lau Veríssimo em performance - foto Fernando Figueiroa
Com esse trabalho o Totem propõe ao público transpor o tempo da física, que só serve para questões práticas, como chegar atrasado e medir velocidade do tempo, para outras dimensões do tempo, como o tempo interno, o tempo distendido, ampliado.


Rama On - foto Fernando Figueiroa
O Tempo Está em Outro Lugar - Taína Veríssimo - Juliana Nardin - foto Fernando Figueiroa
 Uma grande mandala de terra é instalada no espaço, as atrizes-performers se posicionam em diferentes pontos distanciados, nos quais desenvolvem uma gestualidade simbólica, ao chegarem ao ponto de convergência, passam a executar movimentos de expansão, do centro para fora, deslocando-se em direção a um epicentro; no qual se encontrarão e do qual partirão em expansão gestual ininterrupta, envolvendo o ambiente numa ampla pulsação. O som do didjeridoo de Rama On, que executa a trilha sonora ao vivo, ajuda a instaurar a atmosfera metafísica da performance, Fred Nascimento assina a direção, participam as atrizes-performers Lau Veríssimo, Juliana Nardin, Taína Veríssimo e Tatiana Pedrosa. 

Dia 30 de novembro às 16h30 - 16ª MOSTRA DE ARTES CÊNICAS A PORTA ABERTA - VOL 2

Escola Municipal de Arte João Pernambuco
Av. Barão de Muribeca, 116 – Várzea Recife/PE


Dia 16 de dezembro às 15h I MOSTRA DE ARTES E CULTURA 
INSTITUTO FEDERAL DE PERNAMBUCO (CAMPUS RECIFE)
Av. Prof. Luís Freire, 500 - Cidade Universitária, Recife - PE


Rito Ancestral Corpo Contemporâneo - Grupo Totem - Povo Pankararu

Pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo
Residência com o Povo Pankararu - Aldeia Agreste - Tacaratu/PE
O nosso Totem Animal / Animal de Poder

Dando prosseguimento à pesquisa “Rito Ancestral Corpo Contemporâneo”, contemplada pelo Funcultura, o Grupo Totem realizou sua primeira experiência de campo, visitou o povo Pankararu, especificamente na Aldeia Agreste, localizada em Tacaratu, sertão de Pernambuco, no mês de Agosto/2015. O Totem voltou inundado pela experiência vivida no ritual “Menino do Rancho”, uma ‘festa’ que é também um rito de passagem no qual os mais jovens são introduzidos nos segredos dos Pankararu. 

A nossa pesquisa tem como foco o corpo e a voz de um rito ancestral num corpo contemporâneo, e, lá estávamos nós diante imersos no universo do rito, corpo e voz dos Encantados/Praiás, entidades sagradas que habitam na natureza, entendidas como ancestrais dos Pankararu, ou seja, passaram para o plano espiritual, porém sem passarem pela experiência da morte, da maneira que a concebemos, portanto estão vivos no plano terrestre, habitando nas matas,  na natureza e nas águas.





Constatamos que cada encantado tinha sua própria Cint
Cada Encantado/Praiá exibia em sua indumentária ritual aquilo que chamam de Cinta, um signo de tecido colorido, alguns estampados outros de tecidos lisos bordados com símbolos religiosos.a, com cores e símbolos diferentes. Ao perguntar para os Pankararu sobre o seu significado, eles nos responderam que a Cinta é um elemento de ligação do Praiá com um encantado, seu guia espiritual.


 Na sequência, demos prosseguimento ao trabalhos e pesquisas aliando a experiência vivenciada com o Povo Pankararu com a busca do nosso totem animal e da nossa ‘cinta sagrada’ a partir de vivências rituais para encontrar o totem animal dos membros do grupo. Totem significa marca da família, são objetos sagrados, vistos como talismã, objetos de veneração e de culto entre os grupos. “Totem significa o símbolo sagrado adotado como emblema por tribos ou clãs por considerarem como seus ancestrais e protetores. O totem costuma ser um poste ou coluna e pode ser representado por um animal, uma planta ou outro objeto”.


A Cinta/Totem será representada pelo animal de poder de cada participante, para isso foi necessário desenvolver a conexão com esses animais através das técnicas de relaxamento, respiração, interação com os sentidos, experiências corporais com os elementos da natureza (água, terra, ar e água) e pintura corporal.      

         
         Todos os integrantes passaram pela experiência de encontro com seu animal de poder, a cada encontro uma dupla foi vivenciando seu ritual, que era desenvolvido e conduzido pelos demais participantes do Grupo Totem. Ao som do tambor nos integramos aos nossos animais através de experimentações sensoriais, impulsos corporais, conexões espirituais e dança.



          “A dança é uma prática regular em diversos rituais xamânicos. Através da dança nós criamos um equilíbrio e harmonia entre aqueles que estão dançando. No nosso caso, trata-se da forma pela qual um grupo, através da dança entram em contato com seus animais, pois ela permite que o dançarino ou dançarinos transitem de um estado de consciência para o outro, propiciando a entrada no estado xamânico de consciência”.

Essa foi uma jornada muito importante para a pesquisa Rito Ancestral Corpo Contemporâneo, ao descobrir nossos animais sagrados/cintas, entramos em contato com o nosso corpo ritual, com a  musicalidade e ritmo do toré, nos aproximaremos da ligação que temos com a natureza e com a cinta espiritual do povo Pankararu.

Animais Encontrados: Baleia, Águia, Abelha, Papagaio, Lagarto, Morcego e Falcão.


Fotos de Fernando Figueiroa

ÁRTESE, Léo. O Espírito Animal- São Paulo: Roca, 2001.